Foto: Praça Borges, Marinho-Bocaina -PI - Foto: Firmino Libório Leal |
Foto: SantoAntônio de Lisboa-PI - Foto: Firmino Libório leal |
Tenho afirmado sempre nas pálidas crônicas que escrevo que uma vez por ano vou ao Piauí para “respirar”. O que me encanta nesta caminhada é que muitas vezes encontro amigos bondosos que, com dedicação, competência e extremado amor, se comprometem a divulgar e fomentar os movimentos culturais de nossa terra.
Pois bem: em 22 de janeiro passado, diletos amigos me convidaram a pisar novamente em solo lisboense. Feliz, afirmei que sim; porém, alertei que faria o trajeto através de Bocaina, minha terra natal. O motivo da visita seria um convescote, um folguedo ou quem sabe um Jaburu. De qualquer forma, já tinha em mente ir a Santo Antônio retribuir a maneira fidalga e hospitaleira como fui recebido quando lá estive em janeiro de 2010.
Parti célere, em direção a Bocaina. Lá chegando, visitei parentes, o mercado público, praças; percorri ruas, becos e ladeiras. Contemplei a casa onde nasci; e, do alto da ermida construída por meus ancestrais, avistei as colinas distantes; por último desfrutei do refrigério das plácidas águas do Açude Bocaina. Todas situações vividas com muita emoção.
No trajeto de Bocaina a Santo Antônio minha esposa Rosângela e eu fomos capitaneados pelos primos Jonnes e Hercilia Barros. O percurso foi escolhido com esmero, pois queria percorrer um caminho que há anos não fazia. Rever o sopé do Morro Grande, a caatinga verdejante; descer a Ladeira da Andorinha e cruzar o Riachão, que tênue e agonizante ainda relembra seu antigo esplendor.
Era uma tarde agradabilíssima. O firmamento anunciava um nevoeiro fino e persistente, tornando o clima suave, ameno. Foi nesse cenário que percorri Santo Antônio, seu belo casario, a igreja, a praça; enfim, visitei amigos e aparentados. Ali, naquele ambiente bucólico, fui recebido por eminente comitiva formada por Antônio Bineta; musicista, poeta, compositor. Dele recebi de presente um CD com o Hino Oficial de Santo Antônio, com direito a autógrafo e tudo o mais, e ainda a afirmação de que sou seu sobrinho... confesso: uma lágrima rolou; Assis Britto e Lucídio Cipriano: quanta fraternidade! João da Barba (o Rolando Boldrim do Piauí), contador de causos, que juntamente com seus familiares nos receberam em sua residência com hospitalidade e cortesia. Aquele maravilhoso ensejo foi encerrado com muitos causos, anedotas e relatos de acontecidos regados a Cajuína Cristalina (não em Teresina, como na canção), mas sim em Santo Antônio de Lisboa Capital Nacional do Caju.
Numa de minhas oitivas, lembrei a todos de como a história é sapiente. Vejamos: a outrora fazenda Boqueirão, hoje município de Bocaina, enviou um dos seus filhos, Pedro de Sousa Britto, para ser o desbravador da fazenda Arrodeador, hoje a pujante Santo Antônio. E agora a história se repete: Santo Antônio enviou a Bocaina dois filhos: o poeta Valentim Neto e Antônio Bineta, musicista e arranjador para, juntos, comporem o hino oficial da lendária urbe. Por isso, meus amigos e conterrâneos, eu vos afirmo sem receio: Bocaina e Santo Antônio de Lisboa no Piauí desfrutam o mesmo “berço embalador da esperança”.
“Da minha aldeia vejo o quanto se pode ver o universo. Por isso, a minha aldeia é tão grande como outra qualquer”. (Fernando Pessoa).