quarta-feira, 19 de março de 2014

BODAS DE DIAMANTE de Pedro Libório Leal & Maria Aparecida Leal: uma história de amor e superação



Dia 19 de março do recuado ano de 1954, às 10 horas da manhã, na histórica Igreja de Nossa Senhora da Conceição em Bocaina, PI, se casaram Pedro Libório Leal e Maria Aparecida Leal. Como celebrante, o lendário e emblemático padre José Inácio de Jesus Madeira.

Os primeiros anos foram de muitas dificuldades, porém, o jovem casal mantinha-se, cheio de esperanças: ele com 19 anos, ela com 16. Primeiro, tiveram como moradia o velho casarão da família, situado à Praça Antônio Borges Leal Marinho, nas proximidades do adro da Igreja de Nossa Senhora da Conceição, ali, nasceu o primeiro filho, Firmino.  Aparecida e Libório, jovens, inquietos, queriam produzir mais, lavrar, cuidar da terra, tanger o gado, fazer história. Então, foram morar na fazenda Lagoa Grande. Lá o casal viveu dias felizes, foram cinco anos de muito labor. No oitão ao norte da casa onde moravam, existia um lindo jasmineiro, curiosamente, floria o ano inteiro, talvez tenha servido de inspiração para esse amor florescer cada vez mais, tanto que, ali, naquele inesquecível lugar, nasceram mais quatro filhos: José, Antônio. Minervina e Francisco.

Em novembro de 1962, percebendo que o filho mais velho precisava entrar para escola, resolveram retornar para cidade, vieram novamente morar no velho casarão da família em Bocaina. Ali, nasceu Nonata, a sexta filha do casal. A vida prosseguia tênue, o cultivo na roça, a plantação do alho, a desmancha ou farinhada, a moagem da cana, o pequeno criatório de gado, animais de sela e carga, enfim, o labor no campo. Com o crescimento dos filhos, havia a necessidade de escolas mais avançadas, surge que, na emblemática data de 13 de maio de 1966, “Seu” Libório trouxe Dona Aparecida às pressas para dar à luz, lá antigo Hospital São Vicente de Paulo em Picos, sob a proteção de Jesus e a égide das mãos abençoadas do Dr. José Nunes de Barros, ao sétimo filho do casal, o caçula Nonato. Aparecida permaneceu 15 dias em convalescência, em seguida o casal voltou a Bocaina somente para providenciar a mudança para Picos, tanto que, no inicio do mês de junho de 1966, a família mudou-se para Picos, fincando aqui, profundas raízes. 

Logo que aportaram em Picos, chegaram também as dificuldades, morando como agregados em uma chácara, os afazeres eram em dobro, pois, além dos cuidados com os bens do patrão, era necessário o trabalho de sol a sol para o sustento da numerosa prole. Foi então, que mais uma vez Libório e Aparecida, num gesto de amor e desprendimento, resolveram conjuntamente vender seus bens em Bocaina para adquirir uma casa residencial em Picos. Foi uma decisão difícil, mesmo assim o fizeram, tanto que, em 1967, a família mudou-se para o nº 16 da antiga Vila Piau, depois denominada de Avenida Industrial e agora, registrada definitivamente como Rua Tininha de Sá Urtiga, onde moram até hoje.

Em Picos o casal continuou como dantes. Dona Aparecida ligada as prendas do lar e orientação dos filhos, na educação, na religiosidade na evangelização. Já “Seu” Libório foi um baluarte, homem de fibra, exerceu as mais variadas funções: foi lavrador, feirante, estivador, diarista, meeiro e arrendatário. Em 1978 entrou para o serviço público estadual, mais precisamente no IAPEP – Instituto Assistência e Previdência do Estado do Piauí, onde desenvolveu suas funções com espírito público, honradez e denodo zelo até aposentar-se. Mas dentre as atividades realizadas pelo fecundo trabalho de “Seu Libório, a que mais admiramos e nos orgulhamos, perpetuando moradia fixa em nossa tela mental, foi como exímio lavrador de alho no leito do velho e bondoso Rio Guaribas. “Seu” Libório trabalhava no manejo da terra com maestria, suas “parcelas” e “canteiros” eram verdadeiras obras de arte. Uma beleza!

Na data de 19 de março de 2004, voltaram à presença de Deus, novamente na histórica igreja de Nossa Senhora da Conceição em Bocaina, para na presença dos filhos, noras, genros e netos, amigos e familiares, receberem as bênçãos do padre Francisco Bezerra Neto, celebrante daquele segundo casamento, que socialmente chamamos de “Bodas de Ouro”, ou seja, cincoenta anos de casados. Hoje, acreditamos que Libório e Aparecida, estão realizados, há 60 anos esse amor tornou-se sólido e como diamante, foi lapidado. Como fruto desse amor, formou-se a grei dos “Libórios”: são sete filhos, quinze netos e uma bisneta, e hoje novamente na presença de todos, vêem solenemente, através do padre Francisco Pereira Borges, pedir a proteção e bênçãos de Deus, numa terceira celebração que a sociedade deu por nomenclatura: “Bodas de Diamante”.

Por causa de exemplos como o de Aparecida e Libório, acreditamos piamente no amor, na alma gêmea, no amor eterno. Que Deus continue a abençoá-los com todas as graças e bênçãos e que eles continuem sendo o exemplo de amor e doação e superação.

Obrigado Senhor Deus, por ter dado nós: filhos, netos, bisneta, noras, genros, familiares e amigos, o exemplo de honradez e fecundo amor. 

Recorremos neste momento a Escritura Sagrada, o livro dos livros: “E deixará a casa de teus pais e se unirão em uma só carne...” 

Assim eles fizeram: na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, amando e respeitando um ao outro com fidelidade e lealdade. Por isso, esse amor comemora suas Bodas de Diamante, pois diamante é para sempre, é eterno!!!.
Que Deus nos abençoe! Que Jesus nos proteja!

quinta-feira, 12 de abril de 2012

O Alto da Igreja

Foto: Firmino Libório Leal

Foto: Nonato Leal
Bucólico recanto de minha aldeia, ainda verdejante e ricamente bordejado por árvores que predominavam o bioma.  É a parte detrás do Adro da Igreja de Nossa Senhora Imaculada Conceição no município de Bocaina, Piauí. Ali naquele minúsculo mirante, vivi os melhores folguedos de minha infância.     
             

Bocaina, berço indelével. A cada janeiro que passa, busco visitar esta terra abençoada. Durante os meus passeios, caminho lento, analisando a vegetação que margeia as estradas, encostas, caminhos e veredas. Extasio-me ante a majestosa caatinga. O verde, a policromia das cores; deslumbro-me com a disposição das serras, morros, montes e morrotes. Com o rio que, mesmo tênue e agonizante ainda lembra seu antigo esplendor. Com as águas  plácidas    e límpidas do açude Bocaina.                    
                                                            
Ao longe, os morros cobertos pela vegetação e uma capoeira aqui, outra ali, onde tenho o panorama do horizonte que me rodeia e encanta. Ora campos bem cuidados de pleno viço. Ora uma hera, com flores abundantes e lilases que matizam contrastando com o verde em vários tons, é a jitirana em flor.

Enquanto isso, no adro da igreja de suave ladeira, quando a aurora rompe abraçando o sol, vejo pessoas que se dirigem ao labor diário, para o trabalho no arrebol.

Essa é a visão que tenho do Alto da Igreja de Bocaina. São campos, árvores e flores que recamam o solo ardente do semiárido, sem que elas soltem um gemido de dor ou reclamem, após terem enfeitado nossa aléia que, a cada inverno se renova, renovação esta que nos inspira a paz, a fé e o amor à vida.

Na data de 10 de abril de cada ano, os bocainenses se juntam jubilosos em comemoração ao aniversário de emancipação político-administrativo do município. Nesta data tão auspiciosa, deixo o meu fraternal abraço aos meus irmãos e conterrâneos, com certeza de que, a cada ano que passa, aumenta minha fé de que mantenho com a terra berço, laços indestrutíveis amor e apreço.

Feliz Aniversário, Bocaina!!!

quinta-feira, 3 de março de 2011

Bocaina e Santo Antônio de Lisboa desfrutam o mesmo “berço embalador da esperança”

Foto: Praça Borges, Marinho-Bocaina -PI - Foto: Firmino Libório Leal
Foto: SantoAntônio de Lisboa-PI - Foto: Firmino Libório leal
Tenho afirmado sempre nas pálidas crônicas que escrevo que uma vez por ano vou ao Piauí para “respirar”. O que me encanta nesta caminhada é que muitas vezes encontro amigos bondosos que, com dedicação, competência e extremado amor, se comprometem a divulgar e fomentar os movimentos culturais de nossa terra.
                                                        
Pois bem: em 22 de janeiro passado, diletos amigos me convidaram a pisar novamente em solo lisboense. Feliz, afirmei que sim; porém, alertei que faria o trajeto através de Bocaina, minha terra natal. O motivo da visita seria um convescote, um folguedo ou quem sabe um Jaburu. De qualquer forma, já tinha em mente ir a Santo Antônio retribuir a maneira fidalga e hospitaleira como fui recebido quando lá estive em janeiro de 2010.
                                
Parti célere, em direção a Bocaina. Lá chegando, visitei parentes, o mercado público, praças; percorri ruas, becos e ladeiras. Contemplei a casa onde nasci; e, do alto da ermida construída por meus ancestrais, avistei as colinas distantes; por último desfrutei do refrigério das plácidas águas do Açude Bocaina. Todas situações vividas com muita emoção.                                                

No trajeto de Bocaina a Santo Antônio minha esposa Rosângela e eu fomos capitaneados pelos primos Jonnes e Hercilia Barros. O percurso foi escolhido com esmero, pois queria percorrer um caminho que há anos não fazia. Rever o sopé do Morro Grande, a caatinga verdejante; descer a Ladeira da Andorinha e cruzar o Riachão, que tênue e agonizante ainda relembra seu antigo esplendor.

Era uma tarde agradabilíssima. O firmamento anunciava um nevoeiro fino e persistente, tornando o clima suave, ameno. Foi nesse cenário que percorri Santo Antônio, seu belo casario, a igreja, a praça; enfim, visitei amigos e aparentados. Ali, naquele ambiente bucólico, fui recebido por eminente comitiva formada por Antônio Bineta; musicista, poeta, compositor. Dele recebi de presente um CD com o Hino Oficial de Santo Antônio, com direito a autógrafo e tudo o mais, e ainda a afirmação de que sou seu sobrinho... confesso: uma lágrima rolou; Assis Britto e Lucídio Cipriano: quanta fraternidade! João da Barba (o Rolando Boldrim do Piauí), contador de causos, que juntamente com seus familiares nos receberam em sua residência com hospitalidade e cortesia. Aquele maravilhoso ensejo foi encerrado com muitos causos, anedotas e relatos de acontecidos regados a Cajuína Cristalina (não em Teresina, como na canção), mas sim em Santo Antônio de Lisboa Capital Nacional do Caju.

Numa de minhas oitivas, lembrei a todos de como a história é sapiente. Vejamos: a outrora fazenda Boqueirão, hoje município de Bocaina, enviou um dos seus filhos, Pedro de Sousa Britto, para ser o desbravador da fazenda Arrodeador, hoje a pujante Santo Antônio. E agora a história se repete: Santo Antônio enviou a Bocaina dois filhos: o poeta Valentim Neto e Antônio Bineta, musicista e arranjador para, juntos, comporem o hino oficial da lendária urbe. Por isso, meus amigos e conterrâneos, eu vos afirmo sem receio: Bocaina e Santo Antônio de Lisboa no Piauí desfrutam o mesmo “berço embalador da esperança”.

“Da minha aldeia vejo o quanto se pode ver o universo. Por isso, a minha aldeia é tão grande como outra qualquer”. (Fernando Pessoa).



sábado, 13 de fevereiro de 2010

Ascensão do Jaburu em Santo Antônio de Lisboa

Foto:Acervo disponível na Web
 
Vista de longe a bucólica cidade de Santo Antônio de Lisboa no Piauí, mais parece um presépio vivo encravado em pleno sertão, em razão da bela imagem que nos é apresentada pelo seu relevo, seja pela exuberância reinante na paisagem, ou pela límpida abobada celeste vista no firmamento, tornando um ambiente, calmo que nos transmite paz e nos remete a serenidade.

Além disso, a cidade ostenta o honroso titulo de Capital Nacional do Caju, pois, o município produz, exporta e industrializa grandes safras de caju, dispondo de fábricas de sucos, cajuína e industrialização da castanha, sendo também um grande produtor de mel de abelha de excelente qualidade e aceitação. Mas não é só como Capital Nacional do Caju que Santo Antônio se destaca. A cidade também figura como local onde surgiu o “JABURU”. Famoso acontecimento edule, social e de confraternização, o qual prima pela camaradagem, a amizade.

O "Jaburu" tem características próprias, ou seja: é uma reunião para homens, porém, quando raramente acontece a participação da mulher, a mesma é tratada de maneira especial, pois num Jaburu que se presa, a mulher é destaque, já que todas as tarefas e atribuições inerentes às atividades do acontecimento, até o cozinhar, são realizadas pelos homens, portanto, a mulher é convidada especial. Uma outra particularidade do Jaburu é que preferencialmente este encontro é realizado em uma chácara, numa roça, numa fazenda ou numa propriedade rural.

Como sabemos, Jaburu e uma ave da família das ciconiídeas, as quais, frequentam rios e lagoas, preferindo as áreas pantanosas e alagadiças, se alimentam de peixes e outros animais aquáticos, vivem em bandos e constroem seus ninhos coletivamente. Então o que uma ave pantaneira tem a ver com um acontecimento corriqueiro de uma cidade do semi-árido nordestino? Pois bem, Santo Antônio de Lisboa é banhada pelo Rio Riação, que nos períodos de inverno propicia a todos o refrigério de suas águas outrora cristalina e piscosa. Além disso, entre as cidades de Santo Antônio e Bocaina existe a famosa Lagoa do Cumbuco, extraordinário manancial natural que abriga até hoje, as mais variadas espécies de pássaros, dentre eles: marrecos, patos selvagens, garças, paturis, mergulhões, socós, maguaris e logicamente jaburus. Este lago natural dista apenas uma légua das sedes destes municípios, já que a distancia entre as duas cidades irmãs é de apenas 12 quilômetros.

Em agradável tarde do dia 22 de janeiro do corrente ano pisei novamente em solo lisboense. Capitaneado pelo parente, o médico veterinário Jonnes Barros. Lá chegando, fui recebido fraternalmente, a principio, por Assis Brito e Lucílio Cipriano, depois se juntaram ao grupo vários irmãos conterrâneos e aparentados e que fazem parte da azáfama local. Todos numa prosa agradável tornaram aquele encontro, um momento de convivência fraterna e feliz. Foi neste ambiente, que me deparei com o Jaburu. Visto que fui logo convidado a tomar parte de um, fato que aguçou o meu faro de jornalista interiorano.

Curioso, questionei aquela seleta plateia, o que seria, e em que consistia o Jaburu? Foi quando fui interpelado por João da Barba, um dos nossos interlocutores, que atento me ouvia. Em breve relato João da Barba afirmou que o Jaburu nasceu em Santo Antônio de Lisboa, Piauí no mês de dezembro do recuado ano de 1974. Segundo o mesmo, tudo começou com a peraltice de quatro companheiros: Essias, Pité, João da Barba e Valdemar. Sob a liderança de Essias, era corriqueiro o grupo sair para realizarem caçadas pela zona rural de Santo Antônio. Quando a caçada era fraca em consequência da escassez das aves migratórias, o jeito era apelar para a matança de um ou outro Jaburu desgarrado do rebanho. Mesmo com pouca carne, amenizava em parte a fome dos peraltas caçadores.

Acontece, que nem sempre haviam jaburus para serem abatidos, daí, acontecia um fato curioso: o jeito era apelar e sempre aparecia uma ou duas galinhas, as quais, famintas procuravam comida nos arredores das propriedades rurais, assim eram facilmente e sorrateiramente abatidas pelo grupo. Quando alguém ou os proprietários davam conta do sumiço das galinhas interpelavam os celebres caçadores sobre o acontecido, eles tinham sempre uma saída lógica: ”nós estávamos comendo era um Jaburu”. Assim surgiu o Jaburu. A principio uma brincadeira, um folguedo de quatro amigos. O fato se popularizou tanto, que se tornou um acontecimento social da mesorregião de Picos.

No começo, o Jaburu era feito apenas com carne de aves, principalmente, galinha ou angola (capote), hoje, se utiliza carnes nobres como a picanha e o contrafilé, buchada, panelada, peixe, baião de dois, farofa e outras iguarias da rica culinária nordestina. Talvez a substituição dos ingredientes tenha acontecido em razão da proibição das caçadas pelos órgãos ambientais. É mister relatarmos nesse texto mal alinhavado, que em outras regiões do Brasil o Jaburu é similar a um “galinhaço” (São Paulo), “galinhada” (Minas Gerais), “barreado” (Paraná), “churrasqueada” (Rio Grande do Sul), moqueca (Espírito Santo), “feijoada” (Rio de Janeiro) e até “ribusteio” em alguns lugares do sertão brasileiro.

A propósito: no auge da narrativa de João da Barba, Jonnes Barros o questionou sobre o tamanho do Jaburu e ele prontamente respondeu: certa feita o Essias pisou na ponta de uma das asas de um Jaburu e eu levantei a outra ponta, esticando a outra extremidade da asa, mediu dois metro e vinte centímetros. Por via das dúvidas Jonnes argumentou: não rapaz, vamos deixar pelo menos com dois metros! Todos os presentes riram unânimes. João da Barba é uma figura folclórica, fiel ao lugar em que vive. Ele me contou ainda o seguinte: que em Santo Antônio de Lisboa, Coca-Cola tamanho família é conhecida por “Bigação”.

Ninguém se atreve a pedir a essência gaseificada, pelo verdadeiro nome, sempre pedem: dá-me uma “Bigação”. Tudo isso porque na cidade existe um sujeito que atende pela alcunha de “Bigaça”. Dizem as más línguas que “Bigaça” certa ocasião e em detrimento de uma aposta, bebeu de uma só vez três Coca-Colas tamanho família e de quebra, ainda pediu uma última como tira-gosto. Daí a razão porque em Santo Antônio de Lisboa, no Piauí, a partir de então, não se utiliza mais o verdadeiro nome do famoso refrigerante e usa-se somente “Bigação” em homenagem ao inusitado feito do famoso “BIGAÇA”.

Como afirmei no inicio deste modesto arremedo de crônica, a bem administrada cidade de Santo Antônio de Lisboa ostenta o título de Capital Nacional do Caju, porém, poderia naturalmente ser chamada de cidade sorriso, cidade simpatia, cidade aprazível, tudo isso, em consequência do seu laborioso, hospitaleiro e simpático povo. Foi uma satisfação visitar e estar neste recanto bonito, alegre e feliz do rincão piauiense...

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Fagulhas de História da Colonização de Bocaina- PI

Foto: Firmino Libório Leal
Fugulhas de História da Colonização de Bocaina - PI
Firmino Libório Leal
Jornalista e Escritor

O Instituto Histórico de Oeiras em um dos seus textos introdutórios traz a seguinte afirmação de autoria do insigne literato Férrerr Freitas, sectário do IHO, patriota extremado, e filho da poética, histórica e inspiradora Oeiras, ei-lo: “lá pelos anos sessenta do século XVII, as trilhas sem medo dos vaqueiros românticos da Casa da Torre esbarraram nos Rios Canindé, Guaribas, Itaim e Riacho da Mocha. Hoje, região de Oeiras, Picos e Bocaina no Estado do Piauí. O mais audaz desses vaqueiros foi o patriarca Domingos Afonso Mafrense, um português de Mafra, chamado também pela bravura, Domingos Afonso Sertão. É por isso que ainda hoje quem nessa terra nasce se diz mafrense, apelido primeiro do bravo sertanista desbravador”.

“Em 1696 o patriarca criou em terras da fazenda primitiva, uma Freguesia com capela dedicada a Nossa Senhora da Vitória. Seu território foi desmembrado da Freguesia pernambucana de Cabrobó, jurisdição eclesiástica a que estava então sujeito”.

“Por carta Régia de 30 de junho de 1712, o povoado foi elevado à categoria de Vila, conservando o nome. Criada a Capitania de São José do Piauhy, independente do Maranhão, por carta Régia 29 de julho de 1758, a vila da Mocha foi designada para sede do novo Governo com denominação de Oeiras, em homenagem ao Ministro Sebastião José de Carvalho e Melo Conde de Oeiras e futuro Marquês de Pombal”.


Em 13 de maio de 1732 aportava na localidade “Boqueirão”, hoje sede do município de Bocaina/PI, o patriarca português Antônio Borges Leal Marinho. Em sua comitiva trouxe sua mulher por nome “Rosa”, um grupo de 60 escravos, várias famílias de agregados, um razoável rebanho de animais, sendo a maioria gado vacum e cavalos. Vieram também em sua companhia os seus irmãos: Albino Borges Leal Marinho, Francisco Borges Leal Marinho e Antônia Borges Leal Marinho. Naquela data marcante Borges Marinho escolheu um escravo de sua confiança para cumprir a missão de verificar a montante do cristalino regato que banhava aquelas paragens. Após percorrer o rio até sua nascente, ao regresso o escravo deu a boa notícia ao seu senhor: a existência de água em abundância e várzeas de terras férteis. Naquele instante o sertanista desbravador bateu com a coronha do seu Bacamarte naquele chão sagrado e bradou: “cheguei à terra prometida, aqui hei de ficar até a morte”.

Borges Marinho após conseguir a concessão de datas (sesmarias), ou seja, a posse das terras ora a serem desbravadas, dividiu-as em várias fazendas e as denominou: Arrodeador, Guaribas, Riachão e Bocaina. Borges Marinho era pessoa muito religiosa, pois vinha de uma família portuguesa com essa tradição, por isso, procurou logo construir uma capela. Assim, após sua chegada deu-se início a construção de um templo religioso, cuja construção demorou vários anos, pois o seu termino deu-se em 1754, ano em que a capela foi sagrada pelo jesuíta João Sampaio, mais precisamente no dia 8 de dezembro daquele ano. Na mesma ocasião ocorreu o batismo de “Rosa” como o nome de Maria da Conceição Borges Leal, em homenagem à santa padroeira a Virgem Nossa Senhora da Conceição, cuja imagem fora doada pela irmã de Borges Marinho, a Srta. Antônia Borges Leal Marinho, que doou também o sino da capela. Nesta mesma data celebrou-se o casamento do patriarca com “Rosa”, agora Maria da Conceição Borges Leal, pois o mesmo vivia maritalmente com ela há vários anos. Voltemos aos irmãos de Borges Marinho. Antônia Borges Leal Marinho fixou residência na localidade Ipueira e ali instalou uma grande fazenda de gado. Albino Borges Leal Marinho fixou residência no sertão dos Inhamuns, hoje sede do município de Tauá/CE, onde também instalou uma fazenda para criatório de gado vacum. Francisco Borges Leal Marinho fixou sua residência mais ao norte, onde hoje se situa a sede do município de Buriti dos Lopes/PI.

Antônio Borges Leal Marinho deixara em Portugal um irmão menor por nome Gonçalo Borges Leal Marinho e seus pais que eram fidalgos, ou melhor, pertenciam à nobreza portuguesa, fazendo parte da grande família “Borges Leal Marinho”. Uma família de militares, ligada à Coroa e entremeada com os Britto. São pais de Antônio, Albino Francisco, Antônia e Gonçalo: O tenente Coronel da Arma de Cavalaria do Exército Português, João Borges Leal Marinho e Anna de Souza Britto.

O jornalista, e escritor Antônio Bugyja de Souza Britto no seu livro Narrativas Autobiográficas revela: “foi comum a vinda de imigrantes portugueses para São José do Piauhy, logo após seu primeiro governador João Pereira Caldas, a 20 de dezembro de 1759. Assim que assumira a função prestara ao Reino boas informações a respeito da terra, tais como: clima, salubridade, riquezas vegetais e possíveis minerais. De forma que apareceram na Península muitos interessados em se estabelecerem na recém-criada capitania. São José do Piauhy já tinha uma tradição de região apropriada para o criatório de gado e cavalos, pois que um dos sertanistas, Domingos Afonso Mafrense e seu irmão Julião Afonso Serra, bem como alguns membros da Ordem dos jesuítas tinham sido possuidores de imensos rebanhos, provando deste modo, a excelência das pastagens”.

Os relevantes serviços prestados pelo patriarca João Borges Leal Marinho ao Exército português, veio culminar com a sua aposentadoria, além de ter auferido a concessão de terras (sesmarias) como gratidão pela lealdade dedicada ao Rei. A saudade dos filhos, juntamente com as boas referências da região que chegava do além-mar, fez com que João ou coronel Borges Marinho como era conhecido, sua mulher Anna e o seu filho Gonçalo migrassem para o Brasil. Chegaram ao litoral baiano. Da Bahia ao sertão piauiense o trajeto foi feito a cavalo. Chegaram em Oeiras em fins de 1760, portanto 6 anos após a sagração da capela de Bocaina construída por Antônio Borges Leal Marinho e sagrada pelo jesuíta João Sampaio. O coronel João Borges Leal Marinho encontrou-se com seus filhos; Antônio, Albino, Francisco e Antônia, que anos antes vieram para o Brasil. De Oeiras a Patrocínio (Hoje Pio IX), a área somava aproximadamente trezentos quilômetros, cerca de cinquenta léguas e tudo pertencia à família Borges Marinho. Num cálculo pessimista, nos dias de hoje, a quantidade de terra orçava por mais de cem mil hectares.

Gonçalo, agora rapagão, assumiu a fazenda Curralinho (Hoje sede do município de Picos/PI) e casou-se com Antônia Maria de Souza. Os anos se passaram e veio o desaparecimento do Cel. Marinho e esposa, bem como o de Antônio e esposa. Da mesma forma de Gonçalo e sua mulher Antônia Maria de Souza, passando a Fazenda Curralinho pertencer ao sobrinho da família, Félix Borges Leal, homem provido de raro senso administrativo. Aumentou significativamente a propriedade, com ampliação nos negócios de criação de gado e compra e venda de tropas de animais de sela e carga. Tanto que surgiu nos arredores da sede da fazenda uma Ermida construída sob seus auspícios, (hoje Capela Sagrado Coração e Jesus) e uma vila com satisfatório casario, (antiga Rua Velha). Surgia então, a pujante, próspera e altaneira, Picos. Fato que, Félix Borges Leal é merecidamente considerado por muitos, fundador da cidade. Então, Picos nasceu a partir de Bocaina.

O insigne literato e eminente professor, escritor e historiador Fonseca Neto em notável artigo jornalístico relata: “na perspectiva de longo prazo, a ocupação e adensamento da povoação principal da Bocaina se dá mesmo com a fixação de Borges Marinho e seus agregados a partir da ereção da capela do lugar, a quem o fundador doou significado patrimônio territorial. Nos anos seguintes desde 1754, a povoação da Bocaina, então sob a jurisdição civil e eclesiástica de Oeiras, é a que mais prosperará em todo vale do Guaribas, sendo mesma a principal referência da vida social da sub-região. Mas uma outra fazenda de gado do dito vale, cresce muito nos anos que se avizinham aos meados do século XIX: é a fazenda Curralinho, que em 1851 se tornava à cabeça da Freguesia e em 1855 em município, com a designação de Picos. O novo município prosperava, absorvendo as energias e forças vitais da mesoregião e, assim, induzindo a já então secular povoação da Bocaina a relativo declínio. Desaparecido o fundador de Bocaina, consta que um filho seu, Raimundo de Souza Britto, continuou como referência nos negócios da família”.

Crônica publicada no Jornal de Picos,
Jornal Folha de Picos e no livro Antologia Upeana. Obra publicada pela União Picoense de Escritores em fevereiro de 2005.

domingo, 26 de julho de 2009

Raimundo de Souza Britto

Foto: Acervo disponível na Web

Raimundo de Souza Britto
Crônica
*Firmino Liborio Leal



Ao relatar aqui alguns feitos da figura ímpar de Raimundo de Souza Britto, me sinto orgulhoso, não só por ele ter sido meu sexto avô, mais sim, pela figura proba, próspera e moderna para os padrões da época. Este cavalheiro andante que outrora percorreu caminhos, e cruzou fronteiras pelas plagas do rincão piauiense.

Raimundo de Souza Britto nasceu no ano de 1780, na fazenda Canabrava, data Bocaina então município de Oeiras, capital da capitania de São José do Piauhy. Era filho de Antônio Borges Leal Marinho e Maria da Conceição Borges Leal (Rosa). Filho único, Raimundo casou-se com sua prima legitima, Narciza Borges Leal Britto. Deste casamento tiveram quatorze filhos, sendo dez homens e quatro mulheres, os homens: Pedro de Souza Britto, Januário de Souza Britto, Joaquim Reinaldo de Souza Britto, José Cipriano de Souza Britto, Francisco Raimundo de Souza Britto, Manoel de Souza Britto, Vicente de Souza Britto, Janjão de Souza Britto. Ezequiel de Souza Britto, Antônio Francisco de Souza Britto, as mulheres: Mariana Leal Britto, Anna Josefa Leal Britto, Josefa Anna Leal Britto e Maria Francisca Leal Britto.

Raimundo de Souza Britto também teve três filhos de outro matrimônio com uma mulher por nome Maria Joaquina da Conceição. Os filhos: Benedito de Souza Britto, (que foi pai do advogado e poeta Pedro de Souza Britto e avô do escritor Antônio Bugyja de Souza Britto) Raimundo de Souza Britto Filho e Antônio de Souza Britto.

Maria Joaquina da Conceição era filha de uma mulher por nome: Simphorosa Maria do Carmo, que atendia pela alcunha de “Mariquinha Simphorosa”. Maria Joaquina da Conceição vivia na então capital da província do Piauí, a poética, histórica e inspiradora Oeiras, situada às margens do riacho da Mocha. Dali e de Bocaina se expandiu a grande família “Souza Britto”, descrita de maneira extraordinária e com excepcional riqueza de detalhes pelo insigne literato, meu parente, Antônio Bugyja de Souza Britto na sua obra de rara beleza publicada em 1977.

Vejamos a dissertação de Bugyja Britto sobre essa figura lendária; filho e sucessor de Borges Marinho. “Raimundo de Souza Britto, foi um percursor do pioneirismo da família na criação de gado, eis que desbravou terras, fundou fazendas, fez benfeitorias agrícolas e a exemplo dos seus antepassados até contribuiu para que viessem de Portugal outros elementos que migraram posteriormente com suas famílias, é desse tempo, ou melhor, dessa migração que vieram os Nunes, os Portela, Gomes Caminha e Fonte. Raymundo continuou a obra pioneiríssima encetada pelos seus ascendentes, deu um aumento substancial na produção de gadaria. Ele centralizou as propriedades na data Bocaina (havia outras datas como: Sussuapara, Arrodeador, Riachão, Curralinho etc.), fundou uma fazenda que, para o tempo, se tornou modelar, basta saber-se que construí, além da casa de residência, galpões, currais e cercados de pedras, paios, armazéns, fez melhorias numa ermida e no cemitério que hoje é a histórica igreja da Bocaina e o cemitério velho. A maior parte das terras passou a fazer parte de Picos, quando se criou este município em 1890, desmembrando-se do município de Oeiras, atualmente em virtude de posteriores divisões municipais, as mesmas terras começaram a fazer parte, além do município de Picos, dos municípios de Bocaina, Santo Antônio de Lisboa, Francisco Santos, São João da Canabrava, São Luiz do Piauí, São José, Dom Expedito Lopes, Ipiranga, Pio IX; etc”.

“Todavia, Raimundo de Souza Britto tem outro título, além de criador progressista, na sua vida sertaneja: é o de patriota extremado, pois contribui denodamente com largos haveres para as lutas da independência. Às suas custas armou homens que eram, na maioria, seus empregados e parentes, forneceu animais de sela e de carga, e ainda armamento que mandou comprar na Bahia, sigilosamente. È certo que ele era amigo e compadre de Manoel de Souza Martins, depois Visconde da Parnaíba e governador da província, e um dos “leaders” da campanha emancipacionista no Piauí, mas nem por isso Raimundo desmerece exaltação pública, mesmo no caso de agir por inspiração de seu chefe, amigo e compadre, o referido Visconde da Parnaíba”.

“Raimundo de Souza Britto, segundo crônica local, veio a possuir nas décadas de 1815 a 1835, um rebanho avaliado em 15 mil cabeças de gado vacum. Ele tornou-se pessoa conhecida e estimada pela sociedade local, dada a sua ação de caráter cívico e ainda, possivelmente, pela sua posição decorrente de um grande patrimônio em bens materiais”.

“No volume 1 da publicação oficial – As juntas governamentais e a independência, que o Conselho Federal de Cultura mandou imprimir em 1973 sob os auspícios do Ministério da Justiça e orientada pelo Arquivo Nacional, vamos encontrá-lo ao lado de outras pessoas gradas, assinando uma ata de caráter importante (a que se refere ao juramento que prestou, em Oeiras, à constituição do Império do Brasil no dia 17 de julho de 1824)”.

Raimundo de Souza Britto faleceu em 1842, tinha 62 anos de idade. Deixou uma grande descendência de 17 rebentos vivos.


O insigne literato Antônio Bugyja de Souza Britto em seu livro “Narrativas Autobiográficas” afirma que Raimundo de Souza Britto, seria filho de Gonçalo Borges Leal Marinho e Antônia Maria de Souza. É difícil combater o empirismo de um seleto grupo de historiadores autodidatas da Bocaina, que afirmam que Raimundo de Souza Britto é filho de Antônio Borges Leal Marinho  fundador da Bocaina e Maria da Conceição Borges Leal. É mister relatar que dentro de um raciocínio lógico, razoável e possível, Raimundo seja filho de Antônio Borges Leal Marinho e Maria da Conceição Borges Leal, pois a fazenda Canabrava onde ele nasceu dista 6 léguas de onde Gonçalo e Antônia moravam, ou seja, outra fazenda da família, “Curralinho” hoje sede do município de Picos, e a fazenda Canabrava pertencia a data Bocaina, administrada por Antônio Borges Leal Marinho, eis aí mais um fato merecedor de nossa observação. O próprio Bugyja Britto no seu livro descreve: “Naquele tempo, não havia, no Brasil Colônia, registro civil, nem mesmo na monarquia, os registros das pessoas eram feitos apenas pela igreja católica em livro próprio (batistério), pois a igreja era vinculada ao estado português. Somente com o advento do decreto n º 181 de 24 de janeiro de 1890, portanto já no Brasil república, é que veio existir o registro civil, posteriormente confirmado pelo código civil vigente desde 1º de janeiro de 1917”.Questões à parte acho que estes fatos não denigrem e nem depreciam a essência da saga dos acontecimentos narrados. A propósito; quando escrevi esse arremedo de crônica, em 10 de janeiro de 2004, o descendente mais próximo de Borges Marinho que ainda vivia, era o senhor Urbano Leal de Souza Britto, figura centenária, historiador autodidata, residia na Fazenda “Malhada, município de Bocaina-Pi. Urbano faleceu em novembro de 2006.


Crônica publicada no Jornal de Picos,
Jornal Folha de Picos e no livro Antologia Upeana. Obra publicada pela União Picoense de Escritores em fevereiro de 2
005.

terça-feira, 7 de julho de 2009

Carta a Odorico Carvalho


Caríssimo Odorico Carvalho:

Apraz-me o privilégio e a honra de ter como berço o mesmo pago que o viu nascer. Li, via Internet, sua belíssima crônica intitulada: “Uma tragédia humana”. Trata-se de uma pérola, fruto dos sentimentos que brotam do fundo do coração de um insigne literato e musicista que possui, além destas, outras qualidades que são peculiares de quem nasceu nesta terra abençoada, berço de tantos vultos ilustres.

A maneira como você discorreu sobre seus sentimentos nos transportou a 1963 quando, em conseqüência da firme amizade reinante entre os nossos pais, a sua casa nos foi cedida para que passássemos o período do plantio da safra de alho junto ao velho e bondoso rio Guaribas, então ainda cristalino e piscoso.

Certo: eu me lembro bem de algumas particularidades daquela belíssima propriedade, entre as quais destacamos o curral, que ficava no oitão a leste da casa. Foi lá que vi, pela primeira vez, um girassol, célebre, o qual enfeitava a porta de entrada da cozinha que dava para um roçado ali próximo. Nos fundos da casa existia um jardim natural composto de várias “Moitas Brancas”, enfileiradas e entrelaçadas como se ali tivessem sido plantadas pela mão do Grande Geômetra do Universo. À tardinha, nós tínhamos que levar o gado até o rio Guaribas, que fica ali próximo, o que fazia parte das nossas atividades corriqueiras. Depois fazíamos a “apartação”, algo que consiste em separar as vacas lactantes dos bezerros, seus filhotes. Lembro-me do touro principal: era da raça Gir, malhado em preto e branco, e tinha por nome “Jardineiro”; um belo exemplar da espécie, digamos de passagem. Tudo pertencia à sua família e nos foi confiado naqueles dias, inclusive o leite, em conseqüência da sólida amizade existente entre os nossos progenitores.

Essas imorredouras lembranças nos transportam aos tempos áureos do verdor da nossa meninice, da nossa infância. Vez por outra, quando vou à Lagoa Grande, ao me deparar com a casa que você descreveu com impressionante lirismo, subo num pequeno belvedere que chamávamos de “Barrocão” e fico a contemplar a casa e a paisagem à sua volta, como se fosse uma tela pintada pela mão do Criador. Saudades...

Crônica extraida do livro "Vozes da Ribeira" publicado pela UPE - União Picoense de Escritores em fevereiro de 2008.